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AVANÇOS E CUIDADOS NA ANESTESIA INALATÓRIA VETERINÁRIA

Sempre sou obrigada a me reportar à minha experiência profissional de mais de 40 anos, onde acompanho a evolução da Veterinária em todos os seus aspectos, tanto de diagnósticos, exames, tratamentos entre outros, e nesse sentido, há também a evolução de um segmento, que ainda sempre há um temor entre os Tutores; que é a anestesia dos pacientes a serem submetidos a qualquer procedimento, que em regra é para cirurgia, mas às vezes tem que ser de contenção, afinal de contas, nem todos os pacientes são bonzinhos o suficiente para fazer um curativo ou limpeza ou até mesmo para se retirar um corpo estranho da boca e etc.

A Medicina Veterinária tem testemunhado uma revolução na área da anestesiologia, impulsionada principalmente pelos avanços da anestesia inalatória. Esta modalidade, que utiliza agentes anestésicos gasosos administrados por um circuito respiratório, oferece maior controle e segurança, tornando-se o padrão-ouro em muitos procedimentos cirúrgicos e diagnósticos.

Os modernos equipamentos de anestesia inalatória representam um salto qualitativo em termos de precisão e segurança. Atualmente, são amplamente empregados vaporizadores calibrados que permitem a administração de concentrações exatas de agentes voláteis como o isoflurano e o sevoflurano. Esses fármacos possuem baixo coeficiente de partição sangue–gás, o que se traduz em indução e recuperação anestésica mais rápidas e suaves, além de menor biotransformação hepática e renal, reduzindo a toxicidade orgânica.

Ainda, em conjunto, uso de monitores multi-paramétricos é crucial. Esses dispositivos fornecem dados em tempo real sobre parâmetros vitais como a frequência cardíaca, pressão arterial não invasiva, eletrocardiograma, saturação de oxigênio por oximetria de pulso, e, notavelmente, a capnografia. A capnografia, em particular, é uma ferramenta indispensável, pois monitora a concentração de dióxido de carbono exalado, fornecendo informações valiosas sobre a ventilação e a perfusão pulmonar do paciente, permitindo a detecção precoce de hipoventilação ou hipercapnia.

Apesar dos avanços, a anestesia veterinária não é isenta de riscos. Complicações podem surgir, incluindo depressão cardiovascular e respiratória, hipotensão, hipotermia, arritmias cardíacas e, em casos mais graves, parada cardiorrespiratória. A incidência e gravidade desses eventos são influenciadas por fatores como o estado de saúde pré-existente do animal, a idade, o temperamento e certamente a complexidade da cirurgia, como por exemplo um paciente cardiopata, em estado de choque após um acidente que está com hemorragia e necessita ser anestesiado para poder fazer a contenção hemorrágica de forma cirúrgica.

Para mitigar riscos, uma avaliação pré-anestésica minuciosa é imperativa. Essa avaliação inclui um histórico clinico completo, exame fisico detalhado e exames complementares como hemograma completo, perfil bioquímico (função renal e hepática) e urinálise. Em pacientes com comorbidades cardíacas ou respiratórias, exames mais específicos como ecocardiograma e radiografias torácicas podem ser necessários, assim, utiliza-se a classificação de risco ASA para ajudar a padronizar a avaliação e planejar o protocolo anestésico mais seguro para cada individuo.

Portanto como vemos, mudou-se muito a visão para procedimentos anestésicos, não havendo mais impedimento para se anestesiar pacientes, como antigamente o critério principal e muitas vezes quase único, era apenas a idade, ou seja, paciente era “muito velho” para ser anestesiado.

Na próxima edição abordaremos os próprios procedimentos e a importância dos cuidados prévios, como por exemplo, jejum para ser anestesiado entre outros cuidados.

Magda Izidio de Souza

Médica Veterinária – CRMV-SP 270

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