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INTESTINO-PELE RELAÇÃO PARA AS DEMRATOPATIAS

São 45 anos de profissão, atuando ininterruptamente em Clínica Médica Veterinária, acompanho os avanços da Medicina Veterinária continuamente em Congresso e fazendo parte de estudos clínicos da Medicina Veterinária.

Nesse sentido posso afirmar que estudos da dermatologia veterinária comprovam uma relação extremamente importante entre a saúde intestinal dos cães e gatos e a sua pele. Há uma grande queixa dos Tutores sobre problemas de pele em seus pets. Consulto rotineiramente animais com descamação, quedas de pelos em excesso, pruridos, eritemas, odores desagradáveis que a pele exala entre outras queixas. O interessante é a surpresa dos Tutores quando são informados; que para melhorar a pele, é necessário tratar o sistema gastrointestinal de seu pet.

Ocorre que, há uma intrincada relação entre a saúde cutânea e a integridade do trato gastrointestinal em cães e gatos, que atualmente emerge como um campo de crescente interesse na medicina veterinária. Estudos e comprovações de trabalhos científicos apontam para o “eixo intestino-pele”, um sistema bidirecional de comunicação que influencia a homeostase de ambos os órgãos. Desequilíbrios na microbiota intestinal, condição denominada “disbiose”, têm sido implicados nas causas de diversas dermatopatias caninas e felinas.

A causa dessa intrínseca ligação reside na complexa interação entre o sistema imunológico, a barreira intestinal e a microbiota residente. A disbiose, caracterizada por uma alteração em quantidade e qualidade da composição microbiana intestinal, pode levar ao aumento da permeabilidade intestinal, fenômeno conhecido como “leaky gut”. Essa permeabilidade aumentada facilita a translocação (mudança de local) de antigenos bacterianos, metabólitos pró-inflamatórios e outras substâncias para a circulação sistémica.

Consequentemente, ocorre uma ativação exacerbada do sistema imunológico, deflagran do processos inflamatórios que podem se manifestar em órgãos distantes, incluindo a pele, essa liberação contribui para a patogénese de dermatites alérgicas, atopias e outras condições inflamatórias cutâneas; tão reclamadas pelos Tutores. Ainda, nesse sentido; a disbiose pode comprometer a produção de alguns elementos importantes para a manutenção da integridade da barreira intestinal e com propriedades imunomoduladoras.

As principais causas da disbiose em cães e gatos incluem dietas desbalanceadas ou de baixa qualidade, uso indiscriminado de antimicrobianos, estresse crônico, parasitismo intestinal e doenças inflamatórias intestinais. Esses fatores podem perturbar o delicado equilibrio

da microbiota, favorecendo o crescimento de bactérias patogēnicas em detrimento das comensais benéficas.

A prevenção de dermatopatias relacionadas a problemas intestinais passa fundamentalmente pela manutenção da saúde gastrointestinal. Estratégias incluem a oferta de dietas balanceadas e de alta digestibilidade, ricas em fibras prebióticas que estimulam o crescimento de bactérias benéficas. A utilização criteriosa de antibióticos, devendo ser apenas sob prescrição veterinária, e o controle eficaz de parasitas intestinais também são cruciais. Em alguns casos, a suplementação com probióticos específicos para cães pode auxiliar na modulação da microbiota intestinal.

A atuação do médico veterinário é imprescindível no diagnóstico e tratamento dessas condições complexas. Através de uma anamnese detalhada, exame fisico completo e, se necessário, exames complementares como coprocultura (exame de fezes), testes de alergia e biópsias cutâneas, o profissional pode estabelecer um diagnóstico preciso e identificar a causa primária do problema. O tratamento frequentemente envolve uma abordagem multimodal, que pode incluir a correção da dieta, o uso de prebióticos e probióticos, a administração de medicamentos para controlar a inflamação cutânea e, em casos específicos, o tratamento de doenças intestinais subjacentes. Resumindo, a compreensão da intrínseca ligação entre o intestino e a pele em cães e gatos é fundamental para uma abordagem terapéutica eficaz e para a implementação de medidas preventivas que visem a saúde integral do animal.

A colaboração entre o tutor e o médico ve-terinário é essencial para o manejo adequado dessas condições, promovendo o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes caninos.

Magda Izidio de Souza

Médica Veterinária

CRMV-SP 2703

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