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PERIGO EM CASA: ingestão de medicamentos e produtos de limpeza por cães e gatos

Sempre coloco minha experiência de 4 décadas em atendimento clinico e cirúrgico de animais de acordo com o que mais tenho atendido recentemente. E tenho percebido um grande aumento de casos em acidentes domésticos, envolvendo a ingestão acidental de medicamentos humanos e produtos de limpeza por cães e gatos. Certamente é uma preocupação porque o lar pode ser um ambiente considerado seguro, a curiosidade natural dos animais, aliada ao fácil acesso a substâncias perigosas, pode resultar em quadros clínicos graves e até fatais.

Entre os medicamentos mais frequentemente ingeridos acidentalmente estão analgésicos (como paracetamol e ibuprofeno), antidepressivos, anti-hipertensivos e anticoncepcionais. Esses fármacos, quando consumidos por cães e gatos, mesmo em pequenas quantidades, podem desencadear reações adversas severas, devido às diferenças metabólicas entre humanos e animais.

No caso dos produtos de limpeza, substâncias como alvejantes à base de hipoclorito de sódio, desinfetantes fenólicos, limpadores com amônia ou derivados ácidos são altamente tóxicos. A ingestão pode ocorrer tanto de forma direta, quanto indiretamente, por exemplo, quando os animais lambem superfícies recém limpas.

Os sinais de intoxicação variam de acordo com o tipo e a quantidade de substância ingerida, bem como o tempo entre o consumo e o início do atendimento. Os sintomas mais observados incluem vômitos e diarreia (frequentemente com presença de sangue), sialorreia (salivação excessiva), letargia, tremores ou convulsões. Em casos graves avançados incluem sinais como dificuldade respiratória, alterações cardíacas e neurológicas e lesões ulcerativas na cavidade oral (frequentes em ingestão de produtos cáusticos).

É necessário atitudes rápidas e precisas por parte dos Tutores quando diante de uma suspeita ou confirmação de ingestão de medicamento ou produto químico, a primeira recomendação é não provocar o vômito, exceto sob orientação direta do Médico Veterinário. Em nenhum caso se deve administrar medicamentos caseiros ou “antidotos populares”, pois isso pode agravar o quadro.

Lembre-se que o tempo é um fator decisivo para o prognóstico. O atendimento veterinário imediato permite a realização de medidas como lavagem gástrica.

Além disso, clínicas e hospitais veterinários dispõem de exames laboratoriais e equipamentos de monitoramento capazes de avaliar os impactos sistémicos da intoxicação, como alterações hepáticas, renais e neurológicas, fundamentais para o direcionamento do tratamento.

Mantenha substâncias tóxicas armazenadas em armários fechados ou em locais altos. Evite deixar comprimidos em mesas de cabeceira ou bolsas ao alcance dos pets. Após a limpeza de pisos e superficies, certifique-se de que estão secos antes de permitir o contato dos animais. A curiosidade dos cães e gatos, somada à ausência de percepção de perigo, torna-os vulneráveis em ambientes domésticos, e em casos de emergência, entre em contato imediatamente com seu médico veterinário de confiança ou procure o serviço de atendimento de urgência mais próximo.

Magda Izidio de Souza

Médica Veterinária – CRMV-SP 2703

Importante entender que as dicas que hoje vou expor, são exclusivamente para as pessoas saberem o que fazer de forma imediata com seu pet em caso de acidente, mas não afasta a necessidade obrigatória de avaliação e acompanhamento do Médico Veterinário.

Seu lar, por mais seguro que pareça, pode esconder perigos para o seu pet, como por exemplo, quedas do sofá, engasgos com brinquedos, cortes com objetos afiados ou até mesmo o contato com produtos de limpeza, portanto, acidentes domésticos acontecem e nessas horas, saber o que fazer e o que não fazer – pode ser crucial para salvar a vida do seu companheiro de quatro patas, mas lembre-se: a intervenção veterinária é sempre fundamental em qualquer emergência.

Em caso de quedas; avalie o impacto e aja com calma, porque mesmo que pareça leve, pode causar lesões internas ou fraturas. O nervosismo pode assustar ainda mais o animal. Verifique se há claudicação (manqueira), dor ao toque, inchaço, sangramento ou qualquer alte ração no comportamento (apatia, vocalização excessiva). Em caso de suspeita de fratura, tente imobilizar o animal em uma superficie plana e rígida (como uma tábua ou caixa grande) e evite que ele se movimente e consequentemente, mesmo que não haja sinais óbvios, é essencial uma avaliação profissional para descartar lesões internas. Jamais tente “encaixar” ossos ou realinhar membros: Isso pode piorar a lesão e causar mais dor. Não medicar o animal sem orientação profissional, pois alguns analgésicos humanos são tóxicos para animais.

Outra situação comum são os engasgos com brinquedos pequenos, pedaços de comida ou até mesmo objetos inusitados podem causar engasgos. Os sinais são evidentes: dificuldade para respirar, tosse forte, ânsia de vômito, salivação excessiva e pânico; se possível; abra a boca do seu pet e tente visualizar e remover o objeto com uma pinça ou com os dedos (apenas se for visível e de fácil acesso, tomando cuidado para não ser mordido). Há ainda a possibilidade de aplicar a Manobra de Heimlich adaptada para cães, posicione-se atrás dele, abrace-o e comprima o abdômen logo abaixo das costelas com as duas mãos, fazendo compressões rápidas para cima e para frente. Para gatos ou cães pequenos, você pode levantá-los pelas patas traseiras e dar tapas firmes entre as omoplatas. Mesmo que o objeto seja removido, é importante verificar se houve danos internos ou se restam fragmentos, entretanto, não se deve enfiar os dedos na garganta do animal cegamente; é possível empurrar o objeto ainda mais fundo ou ser mordido.

Por fim, não entrar em pânico em casos de envenenamentos, mas a uma ação rápida é fundamental, cada segundo conta.

Plantas tóxicas, produtos de limpeza, medicamentos humanos, raticidas e alimentos proibidos (chocolate, uva, cebola) são venenos comuns no ambiente doméstico. Sinais de envenenamento incluem vômito, diarreia, tremores, convulsões, incoordenação, salivação excessiva e apatia. Atitudes importantes e fundamentais é a identificação da substância e se possível, leve a embalagem do produto ou um pedaço da planta para o veterinário. Não induza o vômito sem orientação, pois em alguns casos, a indução do vômito pode ser contraindicada, como em ingestão de produtos corrosivos que podem causar mais dano na volta.

Não espere os sintomas piorarem, o tempo é crucial em casos de envenenamento. Não dê leite ou outros “antidotos caseiros”, normalmente piora a situação ou atrasa o tratamento correto.

Em caso de feridas ou cortes, a melhor atitude é fazer uma limpeza com soro fisiológico ou água e sabão, pressionar o local com um pano limpo ou gaze se estiver sangrando, e vá para o Médico Veterinário, entretanto, existem atitudes que não se deve fazer, não use álcool ou iodo podem queimar a pele do animal, jamais tente fechar a ferida com fita adesiva ou outros materiais não estéreis.

É fundamental compreender que os primeiros socorros são apenas o primeiro passo em uma emergência. Eles servem para estabilizar o animal e minimizar danos até que a ajuda profissional chegue. Em todos os cenários de acidente doméstico, a avaliação e o tratamento por um Médico Veterinário são indispensáveis. Ele é o único profissional capacitado para diagnosticar a extensão da lesão, prescrever a medicação correta e realizar os procedimentos necessários para a recuperação do seu pet.

A prevenção é sempre o melhor remédio para garantir a segurança e a saúde do seu amado companheiro.

Magda Izidio de Souza

Médica Veterinária – CRMV-SP 27

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